Quando os primeiros casos de infecção pelo novo coronavírus surgiram na China, entre dezembro de 2019 e janeiro deste ano, uma coisa já era certa: como em outros aspectos, levaria um certo tempo para compreendermos os efeitos da Covid-19 em mulheres gestantes e seus bebês.

Agora, quase um ano após os primeiros registros da doença, a ciência já encontrou consenso em alguns pontos, pautando protocolos de segurança para mães e filhos.

Confira como estão quatro pontos relacionados à gestação, parto e cuidados ginecológicos na pandemia, elencados pelo ginecologista e obstetra Renato Kalil em entrevista recente ao UOL:

1) Sim, é possível que mães transmitam Covid-19 para seus bebês

No início da pandemia, médicos acreditavam que não seria possível que gestantes transmitissem Covid-19 verticalmente para seus bebês. Nos últimos meses, no entanto, alguns casos de transmissão vertical foram comprovados, mas as chances de infecção – pelo menos por enquanto – são consideradas baixas. Sobre a transmissão na hora do parto, via secreção vaginal e urinária, porém, ainda não há consenso na comunidade científica.

2) O que muda no parto de mães que testaram positivo para Covid-19?

Obviamente, mães que estiverem infectadas pelo coronavírus no momento do parto terão toda a assistência necessária da mesma forma, com algumas restrições em relação a acompanhantes e maior nível de cuidado da equipe médica. No Brasil, foi implantado um protocolo de rotina que orienta os profissionais da saúde a usarem face-shield, luvas, aventais, máscaras N95 – paramentos que já se tornaram comuns na rotina dos hospitais na pandemia. O contato pele a pele com o bebê não deve acontecer, mas a amamentação ainda é recomendada.

3) A reprodução assistida, aos poucos, pode voltar a ser realizada

Segundo Renato Kalil, no início da crise, tratamentos de reprodução assistida foram suspensos em decorrência de uma recomendação das autoridades de saúde. Por alguns meses, a transferência de embriões apenas era possível em casos de emergência. No momento, pouco a pouco, os procedimentos voltam a acontecer em diversos lugares do país, bem como outros procedimentos eletivos.

4) Retorno no atendimento ginecológico de rotina

Naturalmente, as consultas de rotina de diversas especialidades caíram com a pandemia. Inicialmente, apenas atendimentos de emergência e reposição hormonal estavam sendo realizados – o que acende um alerta sobre a importância da prevenção, que precisa continuar sendo realizada para detectar possíveis problemas de saúde.

Com a queda no número de casos na maior parte do País, os atendimentos, aos poucos, voltam a se regularizar, com controle no número de pacientes e distanciamento social.

Lembre-se: com todos os cuidados necessários, se cuidar é preciso. Mesmo que não esteja grávida ou queira engravidar em breve, consulte sempre um ginecologista.